Menor disponibilidade de gado e demanda externa aquecida devem impulsionar alta nos preços do boi gordo a partir do 2º semestre de 2025

Intenção de confinamento deve ter um aumento neste ano e os custos de produção também devem estar mais favoráveis ao pecuarista

O mercado brasileiro de carne bovina inicia o segundo semestre de 2025 com expectativas de mudança no cenário de preços, após um primeiro trimestre marcado por alta no abate em função da forte presença de fêmeas, sobretudo novilhas, que atingiram recordes históricos.

De acordo com análise do Rabobank, a oferta de gado tende a diminuir nos próximos meses devido à liquidação do rebanho nos ciclos anteriores e à menor disponibilidade de animais a pasto, o que, somado à demanda aquecida — especialmente da China e dos Estados Unidos —, deve impulsionar a recuperação dos preços da arroba.

Segundo ele, o movimento de redução de oferta acompanha uma tendência global de redução nos rebanhos dos principais países exportadores. Embora Brasil e Austrália tenham elevado a oferta global em 1% no primeiro trimestre, a previsão é de redução. “No Brasil, já observamos uma queda de 3,5% no rebanho na comparação anual. Essa menor oferta será um dos principais fatores para a valorização da arroba bovina”, afirma Yanaguizawa.

Ele lembra que 2024 foi um ano de preços baixos e margens negativas para o produtor, o que levou à liquidação de animais em mercados como a China e agora resulta em menor disponibilidade.

De acordo com as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o primeiro trimestre de 2025, o abate de 9,87 milhões de cabeças de bovinos registrou uma  alta de 4,6% em comparação ao 1° trimestre de 2024 e incremento de 1,9% frente ao registrado no trimestre imediatamente anterior.

Em relação ao mesmo período de 2024, foram abatidas 435,61 mil cabeças de bovinos a mais no 1º trimestre de 2025, com altas em 22 das 27 Unidades da Federação (UFs). O mês de maior atividade no abate de bovinos foi janeiro, quando foram abatidas 3,35 milhões de cabeças, 4,8% a mais do que no mesmo mês do ano anterior.

O abate de fêmeas apresentou alta de 11,3% frente ao mesmo período de 2024, o que demonstra a continuação da tendência de aumento dessa categoria nos primeiros meses de 2025. A gerente da pesquisa, Angela Lordão, explicou que o incremento no abate de bovinos se deu em função do elevado abate de fêmeas, que registrou recorde e representou quase metade do total de animais abatidos.

“Esse movimento de alta no abate de fêmeas teve início em 2022, ano em que o preço do bezerro começou a cair, e isso acaba reduzindo a atratividade da cria. Um ponto que chama a atenção, também, é o abate de novilhas, que são fêmeas jovens. É um movimento que está associado a maior demanda por uma carne premium, de maior qualidade e por uma preferência internacional por animais mais jovens”, pontuou.

O IBGE destacou que para o 1º trimestre de 2025 mostram que, na comparação anual, o aumento na oferta de carne bovina esteve associado ao crescimento de 6,5% na produção de vacas, principalmente das categorias mais jovens, como novilhas e novilhos, que elevaram a oferta em 17% e 7%, respectivamente. Enquanto isso, a oferta de machos recuou 3%, compensando parcialmente o movimento de alta.

Com relação a produção de carne bovina, os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), compilados pela HN Agro, apontam que a produção de carne bovina na Argentina deve recuar 3,1% em 2025, totalizando 3,08 milhões de toneladas — abaixo das 3,18 milhões de toneladas de carcaça registradas no ano anterior. Já para o Brasil, a estimativa é de um leve crescimento de 0,4%, com a produção passando de 11,85 milhões de toneladas de carcaça em 2024 para 11,9 milhões neste ano.

Demanda

O Ministério da Agricultura projeta um aumento percentual de 51% para os embarques da carne bovina em 2025, que tem um potencial para atingir o volume de 3,86 milhões de toneladas.

Angela Lordão também explicou que as exportações estiveram em alta: “o Brasil segue produzindo bastante carne, atendendo uma demanda interna e uma demanda externa bastante aquecida, com destaque para a China e para os Estados Unidos, que também aumentaram as compras de carne bovina brasileira. “Estamos encaminhando muita carne para o mercado externo, o que tem favorecido a nossa produção interna”, reportou Lordão.

As exportações de carne bovina vem se mantendo aquecidas em 2025, com volumes e receitas recordes para o período. De janeiro a maio, os embarques totalizaram 1,2 milhão de toneladas, com um aumento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a receita alcançou US$ 5,8 bilhões, um crescimento de 22% no mesmo intervalo.

Segundo o levantamento do Rabobank, há sinais claros de que a demanda externa pela carne brasileira segue aquecida, e os embarques têm operado em um novo patamar nesta primeira metade do ano. 

“A China manteve-se como principal destino da carne bovina brasileira, respondendo por 42% do volume total exportado no acumulado do ano – um aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2024”, destacou o banco holandês. 

Já os Estados Unidos ficaram em segundo lugar, com destaque para o mês de abril, quando as exportações atingiram um volume recorde de cerca de 48 mil toneladas, resultando em um salto acumulado de 151% em relação ao ano anterior e elevando a participação dos EUA para 14% do total exportado no ano.

Outro destaque para os embarques de carne bovina está o Chile, que segue como o terceiro maior comprador. O país teve um aumento de 28%, totalizando 49 mil toneladas e representando 4% do total comercializado.
Já a importação de carne bovina, o Reino Unido deve demandar mais proteína bovina  com um crescimento estimado em 10,4% neste ano frente ao ano anterior.  O Egito, um dos principais compradores da carne brasileira,  também deve importar mais carne bovina de 2025, na qual deve ter um crescimento de 5,6% neste ano frente ao ano passado. 

Em relação às exportações de carne bovina, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta que o Brasil deverá embarcar 3,75 milhões de toneladas em equivalente carcaça em 2025, o que representa um aumento de 3,1% em comparação ao volume exportado em 2024, estimado em 3,63 milhões de toneladas. A Austrália também deve registrar avanço nas exportações, com alta de 3,3%, passando de 1,89 milhão de toneladas em 2024 para 1,96 milhão neste ano, impulsionada principalmente pela demanda dos mercados asiáticos.

No consumo doméstico, o USDA projeta uma leve retração para o Brasil em 2025. A estimativa é de que o consumo de carne bovina fique em 8,21 milhões de toneladas em equivalente carcaça, queda de 0,7% em relação a 2024, quando foram consumidas 8,26 milhões de toneladas. Na China, a expectativa é de um leve avanço de 0,3%, com o consumo passando de 11,515 milhões de toneladas em equivalente carcaça em 2024 para 11,547 milhões em 2025. 

Em sentido oposto, a União Europeia deve apresentar uma retração de 1,2% no consumo de carne bovina neste ano, com volume estimado em 6,275 milhões de toneladas em equivalente carcaça, frente às 6,349 milhões registradas no ano anterior. 

O banco holandês também destaca a importância de acompanhar como vai ficar competitividade da carne bovina frente às carnes de frango e suína já que a expectativa são de preços mais altos para a carne bovina na segunda metade do ano. “Os níveis de consumo doméstico serão determinantes para o patamar de recuperação dos preços do boi gordo”, informou o Rabobank.

Confinamento

O Censo de Confinamento da dsm-firmenich, a intenção de confinamento deve ficar 8,53 milhões de cabeças de gado em 2025, número que representa um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior, quando o país confinou 7,96 milhões de bovinos.

“Ainda não temos um número claro e consolidado, pois estamos em pleno primeiro giro de confinamento e daqui a pouco devemos começar o segundo giro de confinamento. Assim, ao final deste ano, vamos ter um levantamento efetivo sobre o total confinado”, destacou Walter Patrizi, Gerente técnico de confinamento para a América Latina da DSM-firmenich.

Ainda de acordo com os dados da DSM-Firmenich, o confinamento tem registrado um crescimento constante desde 2017. “Nós tivemos uma evolução histórica de 8% se comparado com o total confinado em 2017. Ou seja, esse crescimento está bem em linha com o avanço que estamos vendo nos últimos anos”, destacou Patrizi.

Entre os estados com maior volume de animais confinados estão Mato Grosso, com 2,1 milhões de cabeças (23,5% a mais sobre 2024); São Paulo, com 1,34 milhão (aumento de 3,8%); Goiás, com 1,1 milhão (recuo de 1,5%); Mato Grosso do Sul, com 957 mil (incremento de 6,7%); e Minas Gerais, com 740 mil (redução de 7,2%). Juntos, esses cinco estados representam mais da metade do total nacional.

Com relação aos custos de produção para o confinamento, o Rabobank destacou que a recente desvalorização do milho, impulsionada pelo aumento da oferta do cereal, tem elevado as projeções de margem para o confinador, apesar da expectativa de menor oferta de gado para a engorda.

De acordo com o pesquisador do Cepea, Thiago Bernardino, os preços do boi estão sinalizando uma forte alta para o segundo semestre e o milho está pressionado. “E o preço do boi magro, por mais que esteja valorizando, está muito positivo em termos de relação de troca”, informou Bernardino.

FONTE: https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/boi/403139-menor-disponibilidade-de-gado-e-demanda-externa-aquecida-devem-impulsionar-alta-nos-precos-do-boi-gordo-a-partir-do-2-semestre-de-2025.html

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